Situação 3: Os pedintes
Gosto especialmente de percorrer as ruas da capital nesta época do ano, preenchidas com as iluminações de Natal. Há um certo ambiente familiar que paira no ar e contrasta com o frio que se faz pronunciar e dá início a mais um Inverno. Contudo, tudo isto é momentaneamente sabutado pelas lamúrias dos pedintes que percorrem toda a baixa lisboeta. De facto, eles não estão presentes só nesta altura do ano, mas é nela que se evidenciam mais.
Há determinadas abordagens que me deixam aborrecida. A título de exemplo, temos o senhor que vai tocar concertina para o metro e leva a filha de 3 anos, naquela esperança que ninguém recuse uma moeda a uma crinaça. Parece um tanto desumano. Também me faz espécie o homem do Rossio que diz "eu sei que sou preto mas não tenho o que comer". Questionei-me o que eu, por ser "branca", teria a ver com isso. Pior ainda são as senhoras que se sentam de pernas cruzadas à saída do metro e balbuciam as suas pragas a quem não lhes dá a moedinha.
Muitas das vezes fico indignada porque são pessoas com saúde, que têm (aparentemente) estofo para sobreviver nas ruas. Mas então, e um pouquinho de esforço para sair delas? Não é uma constatação universal, de modo algum, mas há uma certa desconfiança da minha parte quando me deparo com estas situações pouco felizes. Questiono-me sempre sobre as verdadeiras razões pelas quais estes indivíduos andam a pedir.
Por fim, há um aspeto que quero evidenciar: não sou contra as pessoas estarem na rua a pedir esmola, na verdade, acho que têm essa liberdade. Mas sou totalmente contra as pessoas que vão para a rua impingi-la, e, infelizmente, é o que se sucede na esmagadora maioria das vezes dado que há abordagens que intimidam (de forma mais clara ou menos clara) aqueles que também deviam ter a liberdade de escolher se querem ou partilhar os louros do trabalho árduo do dia-a-dia com sujeitos a quem não devem rigorosamente nada.
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