Confesso que já estou um pouco farta de ouvir falar da praxe nos últimos dias. De rompante a praxe passou a ser tema de discussão, após ter sido temática ignorada durante tanto e tanto tempo. Mas o que me irrita mesmo a sério é que foi preciso 6 pessoas morrerem para que alguém questionasse os fundamentos da praxe exercida actualmente. O clímax da tragédia chega hoje aos meus ouvidos quando, ao debruçar-me sobre o jornal, vejo que os estudantes dizem se ter inspirarado na "Hora do Diabo" de Fernando Pessoa para dar azo a um ritual ridículo, submissivo e extremamente perigoso. (Ousar chamar Pessoa para este cabaret doentio? Que descaramento!)
Sou a favor da existência da praxe como meio de integração dos alunos no início do seu percurso universitário. Contudo, fico suberba ao ver que esta juventude não consegue questionar os propósitos das tarefas que lhes são dadas a fazer só porque estas estão a ser ditadas por um tipo que está trajado. Mas onde é que pára o espírito crítico da minha geração? (Esta é a derradeira questão que me preocupa). Porque o que eu tenho vindo a presenciar nos últimos tempos não é a manutenção de uma tradição saudável, é um ritual de submissão (com excepções, evidentemente).
Para finalizar, e como se isto já não fosse suficiente para demonstrar a inteligência que recai nas cabeças da juventude dos dias de hoje, tudo decidiu pôr fotos dos gloriosos dias da dita nas redes sociais. Muito do tipo: «a praxe é fantástica e eu adorei esfolar os joelhos no chão, e fazer 20 mil flexões.. Praxe até morrer!» - ao qual eu balbucio: Really? God!
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